A família é uma das mais antigas organizações sociais. A invenção da família acontece na mesma época em que homens e mulheres se fixam em um território e passam a cultivar a terra de forma sistemática. Esse jeito de organizar a vida se consolida quando o homem descobri que a gestação na mulher depende do seu sêmen, passando a exercer forte controle sobre o corpo feminino e submete a parceira a condição de escrava. Ao longo da história a família se torna uma peça fundamental na engrenagem dos vários sistemas de produção e geração de riqueza. Mas, a função da família não pode ser reduzida à função econômica. É a família o primeiro lugar onde cada um se descobre como humano com todas suas dimensões e se apropria dos recursos materiais, cognitivos, ideológicos e afetivos indispensáveis à sobrevivência como sujeito singular. Cabe à família comunicar ao sujeito o que é um homem ou o que é uma mulher. Desde muito cedo uma expectativa de comportamento masculino é anunciada e mecanismos de controle são acionados para garantir que a expectativa se cumpra. A reprodução da masculinidade hegemônica que se revela na assimetria de gênero, nas práticas machistas, misóginas e violentas depende desse modelo de família organizado entorno da figura do patriarca. É na experiência da família que cada um desenvolve seu projeto de masculinidade acolhendo ou transgredindo os limites colocados pela cultura. Por isso é fundamental pensar nossa relação com essa experiência inevitável e que nos impacta como homens vivendo diferentes trajetórias de masculinidades. Qual foi ou tem sido o papel da minha família nas minhas escolhas? Qual é a expectativa da minha família em relação aos homens? O que espero da minha família neste momento do meu percurso? Como a minha família lida com as consequências da masculinidade hegemônica? Há espaço na família para outras expressões de masculinidade?
“Masculinidades e múltiplas Famílias: o lugar do homem em discussão”
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